Afastamento forçado

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Tinha estado de manhã em Óbidos, no festival de Chocolate. Tinha almoçado muito bem na Foz do Arelho, onde brincámos na praia e dormitámos na areia. Cheguei a casa às 18:45.

15 minutos depois estava a dar banho ao meu filho, para depois, vestindo a camisola, ir para a Luz. Quis alguma coisa ou alguém que ele, deitado na banheira, ao tentar levantar-se, deixasse as mãos escorregarem e o levasse a enfiar o queixo na banheira. Queixo aberto, destino alterado – da catedral para o hospital.

Sai de casa à pressa em direcção ao hospital, pelo que não deixei o jogo a gravar. Optei pelos Lusíadas. Podia ser que o atendimento fosse rápido, o golpe não fosse muito profundo, e tudo se resolvesse ainda a tempo da 2ª parte. Não foi grave (não levou pontos, puseram uma cola cicatrizante…), mas infelizmente não foi rápido.

Fui vendo na net, a espaços, o resultado, pouco animador. Quando cheguei ao carro percebi o resultado, não fiquei a ouvir as incidências. Regressei a casa, dei atenção à família e dormi.

Talvez por todas estas circunstâncias não fiquei muito afectado. Não estou desejoso de rachar a cabeça do Roberto, arrancar a perna esquerda do Cardozo à dentada, dar uns tabefes ao nosso mister. Não estou aborrecido nem feliz pela avaria do quadro de electricidade que fez apagar umas coisas e ligar outras. Não fiquei estarrecido nem abismado com as balas de borracha, os vidros partidos e os confrontos com a polícia. Não fiquei incomodado pelo facto do pessoal do piso 1 querer enfardar mais um ou outro croquete antes de sair do estádio, como li no “Ontem vi-te no Estádio da Luz”.

Pouco ou nada me impactou, porque me mantive afastado da realidade visível e comentada por todos, porque me afasto consecutivamente do que não é o jogo. Parte daquilo que li e que muitos de vós testemunharam tem a ver com o Benfica, mas é só uma parte. Parte do que li e muitos de vós testemunharam dizia respeito ao clube do Porto, mas também foi só uma parte.

Interessa-me o jogo, a sua essência, a emoção que gera. Mas sou racional. Sei que é jogado e visto por pessoas diferentes, com visões distintas do jogo, nem todas racionais. Alguns dizem que é isso que trás beleza ao desporto, para mim é o que gera os excessos e lentamente o corrompe e mata.

Por isso fica aqui o apelo. Ganharam, está ganho, paciência e venha o próximo. Voltemos para ver o jogo pelo jogo, pela sua pluralidade de acontecimentos e emoções, na 5ª feira. Sofrer com as incidências dele, durante os 90 minutos para depois regressar à nossa realidade. Com paixão pelo jogo e pela equipa e não por ódio a terceiros e rivais.

Ou existe alguma dúvida que isto é só um jogo de futebol, nada mais do que isso, nada de vida ou morte, ao contrário do que Shankly dizia da boca para fora?

3 comentários:

RSA disse...

Eu estive lá também li muita coisa hoje pela blogosfera benfiquista vi algumas e digo-te custou perder e esperar pelo apito final para aplaudir os nossos e depois ir embora na certeza que Quinta lá estarei para mais um jogo o resto é....

VIVA o BENFICA!!!

Seismilhoesum disse...

Mas perdermos com "aqueles"! NUNCA é apenas um jogo! Para eles é a guerra contra o maior inimigo (aquele que não domaram, a excepção de todos os outros)!

Anónimo disse...

O Luís Rosário tem razão. isto foi apenas um jogo. Mas, não esquecer que somos cêrca de seis milhões de BENFIQUISTAS e cá no Porto "carago" há mais Benficas do que "galegos" bimbos. Mas eles são ruins de aturar, apenas deitam ódio por quantos buracos tem e se calhar também mereciam uns arremessos de bosta de boi, atirada dos pontões das AE quando lá passassem.

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