(De)formação

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Eu tinha ideia de que em Portugal a aposta na formação de jovens jogadores era baixíssima mas, muito sinceramente, nunca pensei que atingisse estas proporções:



Isto poderá levar a pensar que os clubes portugueses não apostam na formação porque preferem comprar jogadores já feitos, que tornem as equipas mais competitivas, não é? Errado. Países como Inglaterra e Itália é que fazem isso, porque têm poder económico para tal e não precisam de realizar grandes lucros com vendas de jogadores. O que se passa em Portugal é que a maior parte dos clubes contratam paletes de jogadores sul-americanos na esperança de que em cada cinco ou seis apareça algum craque para fazer um bom encaixe. Isto é facilmente dedutível se tivermos em conta que em 2010 os clubes portugueses foram dos que mais contrataram jogadores, como podem ver aqui:



Em média, 13 jogadores contratados por clube, sendo que desses, sete são estrangeiros. É obra! Ou seja, estamos no fundo da lista naquilo que é positivo, a formação, e no topo da lista naquilo que é negativo, a importação desenfreada. E se acrescentarmos a tudo isto o facto de cada jogador ficar, em média, cerca de duas épocas num clube português, isto em termos práticos tem um nome: entreposto comercial. Em termos de mercado, Portugal serve, essencialmente, para dar a conhecer à Europa jogadores brasileiros e mais uns quantos de outros países da América do Sul. E o jovem jogador português que vá plantar batatas.

Para concluir, mais um gráfico:


É um bocado triste ver o Benfica encabeçar esta lista, ainda por cima em tão fraca companhia.

Podem ver o estudo completo aqui.

5 comentários:

dzgfsdgsd disse...

Pois é muito triste.

Neste post: (http://vozesencarnadas.blogspot.com/2011/01/liga-portuguesa-em-que-pais.html) já tinha mostrado o desagrado sobre essa situação mostrando o nº de estrangeiros a jogar em Portugal.

E questionei liga portuguesa em que pais?

Cada vez caminha mais para isso e pelo andar um dia destes não vamos ter portugueses na liga portuguesa.

Carlos Alberto disse...

Isso pode ter a ver com factores culturais:
1)Sendo que os maiores fornecedores do futebol Mundial falam a mesma língua que a nós se calhar é natural que eles se interessem por entrar na Europa pela nossa porta.

2) Apesar de todas as lenga-lengas de políticos nos últimos 30 anos nós sempre fomos um país de comerciantes (os descobrimentos não foram feitos para montar fabricas noutras regiões mas para fazer negócios com outros povos) logo no futebol a nossa salvação será mesmo o entreposto comercial entre a America Latina e a Europa dos milhões.

MAGALHÃES-SAD-SLB disse...

Mais uma a dar cumprimento ao protocolo "Compro o que é nosso".

Gloriosas saudações e uma vitória amanhã.

Éter disse...

Carlos, os clubes dos outros países europeus não se podem dar ao luxo de ocupar as vagas de extra-comunitários com brasileiros desconhecidos. Isso implica que sejam selectivos.

Como em Portugal os brasileiros não contam como estrangeiros, entram aos magotes.

Efectivamente, sempre fomos um povo mercantil mas nos Descobrimentos comprávamos apenas os melhores produtos que havia do outro lado mundo. Hoje, no futebol, resolvemos mandar o processo selectivo à merda.

Manuel disse...

Quando se analisam números estatísticos, tem de se saber analisar bem, de outro modo, arriscamo-nos a tirar conclusões erradas, ou parcialmente erradas. Sim, os números são maus, mas há condicionantes. Para além "de ah, e tal, os números não mentem", atentem nisto:

1º Os países que têm maior percentagem de jogadores são países que não têm o que se chama o "profissionalismo duro", como o que existe em Portugal ou Espanha, por exemplo.

2º O facto dos brasileiros, os maiores exportadores de jogadores de futebol do mundo, terem um estatuto em Portugal que lhes dá entrada na Europa, que não têm nos outros países. Se nesta estatística fossem excluídos todos os jogadores brasileiros, eu tenho a certeza que teria outro formato.

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