2011/2012 no bom caminho?

domingo, 16 de janeiro de 2011

A maioria da gloriosasfera benfiquista imputou responsabilidades do mau início de época à incapacidade para fazer a gestão acertada dos recursos, vendendo activos indiscutíveis, não os substituindo à altura com resultados imediatos. Entrámos em Janeiro com constantes notícias sobre o reajuste do nosso plantel para a época seguinte, com nomes novos todos os dias. Nomes para a grande maioria desconhecidos, mas para posições consensualmente deficitárias (actualmente ou no final da época).

O mercado abre em Janeiro para reajustar o plantel actual mas também permite chegar a acordo com jogadores em final de contrato, mantendo a importância de se estar constantemente atento e em acção. Efectivamente, verifica-se hoje em dia que o trabalho de reforço / reajuste do plantel nunca está feito e joga-se em 4 tabuleiros: Mercado (Compra e Venda), Formação, Empréstimos (Cedência e Obtenção) e Plantel actual (Renovações e Cessações).

Esta é uma pasta de importância extrema para o sucesso e que tem de ser profissionalizada no clube, pelo que entrei em Janeiro reticente com o facto desta responsabilidade ainda não ter um nome 100% dedicado a ela. O seu corolário não resulta apenas da qualidade desportiva do grupo de 24-26 jogadores que ficam no plantel, apesar desta questão ser obviamente a fulcral. Também fundamental é a capacidade para garantir soluções adequadas para todos os restantes que, por uma razão ou outra, não vestirão o manto sagrado na época em causa, e que pelas estimativas, entre jogadores seniores e oriundos da formação, rondarão os 50 atletas em 2011.

A confirmarem-se as diligências apresentadas pela comunicação social, o trabalho de reforço do plantel principal está bem alinhado, não é sobre isso que gostaria de reflectir hoje. É sobre o papel ainda não assumido de forma profissional do “alívio da folha de pagamentos”, num cenário de significativa pressão financeira que, ao que nos é dado a entender, já gerou alteração na estratégia de gastos na aquisição visível nas últimas 3 épocas.

A crescente aposta na aquisição de potenciais talentos, na esperança de que no futuro, com sorte, poderão ser activos da 1ª equipa, aliada à não desvinculação de alguns juniores e/ou Balboas que nunca se irão afirmar no clube está a contribuir para o constante incremento dos custos com pessoal. Este problema agrava-se porque os recursos do plantel, também necessitam de ser melhor remunerados para se manterem por cá.

Se na realidade empresarial esta questão pode ser contornada pela realização de mais horas de trabalho para gerar produto ou pela obtenção de novos contratos para ocupar capacidade instalada, no futebol esta questão não existe. O número máximo de jogos está definido à partida, os planteis são construídos para suprimir necessidades de uma época inteira.

Em função deste contexto, onde o SLB não detém historicamente facilidade de colocação de jogadores em Portugal, (fora do país já vimos que tem pouco interesse), onde permanentemente suporta a maioria ou exclusividade dos salários dos atletas, a minha questão para reflexão é se fará sentindo manter esta opção estratégia de compra significativa de N ostras para obtenção de 1 ou 2 pérolas?

Se o modelo de subsistência do clube terá de ser sempre equilibrado pelas receitas extraordinárias da venda de jogadores, percebe-se o investimento em atletas novos e com potencial, mas não tendo capacidade de colocação, potenciação e exposição dos activos, faz sentido este investimento massivo em dezenas de jogadores? Não tendo uma estrutura capaz de os acompanhar e rentabilizar, será a estratégia adequada?

Do que tenho reflectido, não se justifica. Os custos operacionais da estratégia são demasiado elevados, a formação começa a gerar muitos talentos que importa colocar para aferir crescimento, o que não acontecia no passado. Penso que o caminho mais adequado passa agora, a confirmar-se os nomes já apresentados para a próxima época, pelo investimento criterioso anual em 1 a 2 jovens de potencial confirmado, de custo mais elevado, a contratação de 1 fora de série para um lugar onde possamos perder outro no final da época, completando o plantel com recursos da longa folha de pagamentos que já temos (sobretudo produtos de formação que terão de ter espaço e tempo para crescer fora do Benfica).

Na minha perspectiva, só assim poderemos reduzir custos de estrutura, mantendo competitividade e integrando mais activos nacionais no plantel (apesar desta questão para mim não ter muita relevância nos dias que correm). Para tal acontecer tem de se profissionalizar a estrutura de acompanhamento e colocação de talentos e sobretudo, abrir mais alternativas de colocação dos activos na primeira e segunda ligas, ainda escassas para o nosso clube.

Este é, na minha opinião, um dos principais desafios estratégicos que temos para o futuro próximo e ainda precisamos de melhorar muito para o dominar.

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