sexta-feira, 18 de junho de 2010
Chol Hyok, Kim Myong Won, Kim Kyong Il e Pak Sung Hyok. A notícia do La Stampa sobre o desaparecimento deste quatro jogadores norte-coreanos dá azo a duas hipóteses (nenhuma das quais será obviamente confirmada pela comitiva norte-coreana) : desertaram mesmo ou tentaram desertar e quando regressarem à Coreia do Norte já terão o destino traçado.
Se de facto a primeira hipótese for verdade, esta é sem dúvida a boa notícia deste Mundial. Antes mesmo de a prova começar, já tinha comentado com amigos que alguns felizardos norte-coreanos tinham aqui uma oportunidade de ouro para fugirem da monstruosidade de país onde vivem. Apesar de estar a torcer para que outros lhes sigam os passos, agora a vigilância será muito mais apertada e as hipóteses de fuga quase impossíveis. Só espero que não acabem como muitos compatriotas que ousaram fugir do país: perseguidos e eventualmente assassinados pelos serviços secretos norte-coreanos, que têm ordens para esquadrinhar o planeta na busca de desertores.
Se estiverem interessados em saber do que foge esta pobre gente, têm obrigatoriamente de ler este livro: Os Aquários de Pyongyang - Dez Anos no Gulag Norte-Coreano. O autor é Kang Chol-hwan, um dos poucos norte-coreanos que conseguiu fugir do país e viver para contar a sua triste história.
Deixo-vos um resumo, suficientemente esclarecedor sobre o que se passa na Coreia do Norte, e um aviso: o livro é para estômagos fortes.
Pyongyang, capital da Coreia do Norte, 1977. Kang Chol-hwan vive com a família num bairro privilegiado da cidade. Tem nove anos. Na escola, ensinam-lhe que o Grande Líder assegura o poder e a autonomia do país contra “as marionetas imperialistas de Seul”.
Os seus avós são favoráveis ao regime de Kim Il-sung: o avô chegou mesmo a doar a sua fortuna ao Partido do Trabalho. Contudo, o velho homem desaparece. Pouco depois, o resto da família é detida e internada no campo de Yodok, sem qualquer explicação.
Começa então um calvário que durará dez anos, o período da adolescência para Kang Chol-hwan. Animado por uma indignação que jamais o abandonou, ele faz a terrível descrição do inferno organizado. Crianças ou adultos, todos são submetidos ao mesmo regime: trabalhos forçados, vigilância contínua, lavagens cerebrais, humilhações sistemáticas e castigos desumanos, para além da fome, do frio e do seu cortejo de doenças.
Trata-se do primeiro testemunho, no Ocidente, do universo concentracionário norte-coreano, os bastidores de uma farsa ubuesca e fraudulenta concebida por um Estado megalómano e tirânico. Enquanto a fome e a corrupção devastam aquele derradeiro reduto estalinista, Kang Chol-hwan denuncia, com uma voz simples e intransigente, os efeitos de uma propaganda associada a uma ideologia assassina.
4 comentários:
Claramente a imitar Stallone, Pelé, Michael Collins entre outros, na "Fuga para a Vitória". Espero que a fuga tenha sido bem sucedida
Só espero que consigam mesmo fugir e recomeçar uma vida num outro local, sem medo de olhar para trás das costas.
Boa sugestão Éter. Vou comprar. Ainda vais ganhar uns trocados em comissões por estares a publicitar o livro lool.
Abraço
Espero que tenham sido bem sucedidos. Também me lembrei disso, aliás, se a África do Sul esteve, durante anos, impedida de participar em algumas provas, não sei de que a FIFA está à espera para impedir aquela gente de entrar em Mundiais.
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