domingo, 18 de julho de 2010
Não estava a contar com uma pré-época diferente da que estamos a ter. Manutenção da intensidade nos treinos e nos jogos, dificuldades de controlo da Jabulani, jogadores na fase inicial de integração no clube, fragilidades na defesa por falta de rotinas entre quem joga.
Se no ano passado todavia o ciclo de treinos e jogos se iniciou com a defesa titular praticamente composta e rotinada (com excepção da lateral esquerda), este ano a componente fulcral do jogo tem tido em permanência 4, às vezes 5, jogadores habitualmente não titulares, pelo que não estou particularmente receoso em relação a isto.
Todavia, esta questão gera 3 problemas:
- Perda de confiança na actuação da equipa, fruto dos erros que surgem no processo defensivo
- Menor capacidade para “defender” um novo guarda-redes
- Superior dificuldade de integração dos novos reforços
Pensemos por exemplo em Di Maria, David Luiz, Luisão, Fábio Coentrão, Kardec, Cardozo e até Carlos Martins pela positiva, Balboa, Zoro, Shaffer, Moretto, etc… pela negativa.
Fase 1: Entrada no clube – Adaptação e ajuste das expectativas de ambas as partes
Entra no clube, fica diminuído pela sua grandeza, procura ajustar-se a tudo o que é novidade, está sozinho ou com a família mais directa, inicia um novo ciclo de vida pessoal e desportiva, tem pouca experiência.
Resultados: Não é titular, se é titular comete muitos erros ou revela imaturidade competitiva. Traz normalmente pouco valor acrescentado à equipa. Se não demonstra talento nem capacidade, é de imediato excluído ou emprestado.
Fase 2: Segundo ano – Afirmação (pela positiva ou negativa)
A vida pessoal está ajustada. O jogador conhece melhor o clube, o que ele representa e cresce em maturidade. Tem apoio familiar, criou amigos no plantel e na cidade.
Resultados: É regularmente utilizado. Assume estatuto de titular ou de primeira opção de aposta. Traz valor à equipa. Não é indiscutível, mas revela potencial para aumentar o rendimento desportivo. Se tiver sido excluído na fase 1 e não provou fora que merece ser opção, é potencialmente considerado perda desportiva e financeira.
Fase 3: Terceiro ano – Confirmação (pela negativa ou negativa)
Totalmente integrado. Há 3 anos em Lisboa, conhece o clube a fundo, relaciona-se com os adeptos de quem recebe elogios e agradece apoio. Está integrado na estrutura.
Resultados: É indiscutível e provavelmente referência da equipa. É cobiçado por outros clubes Europeus. Apresenta rendimento desportivo mais regular, com poucos erros. Se teve Afirmação negativa (fase 2), será provavelmente liberto a custo 0 (Moretto)
Esta evolução tem-se verificado válida para a grande maioria dos jogadores, dado virem sempre de clubes de menor dimensão, serem mais novos e normalmente de outro país.
Como se acelera então o processo de integração?
Sobretudo na escolha de reforços com mais de 22 anos, preferencialmente com experiência de jogo em clubes de topo no passado, onde jogaram regularmente e atingiram sucesso (Aimar, Saviola, Ramires, Katsouranis, Simão e Airton – este com menos idade mas no Flamengo a cobrança é enorme).
Custam mais, mas geram resultados desportivos quase imediatos, porque a adaptação é muito célere.
Uma política de reforços focalizada no resultado desportivo imediato terá de procurar mais este perfil (Huntelaar, Simão…) e menos o perfil actual de reforço do Benfica (Jara, Gaitan, Faria, Alípio, Roberto, Rodrigo…)
Integrar o perfil actual de reforços mais rapidamente implica mesclar recursos da fase de confirmação com estes novos jogadores, o que não está a acontecer na nossa defesa este ano, resultando em menor confiança e menor desempenho desportivo. O problema será atenuado aquando da chegada dos mundialistas (sobretudo o do guarda-redes, que efectivamente é o mais estrutural nesta fase).
Só uma nota final: Para ir longe na Liga dos Campeões, são necessários reforços do primeiro perfil – Este ano não fizemos nenhuma aquisição deste tipo, pelo que se percebe que a aposta será efectivamente no bi-campeonato e nas restantes competições nacionais.
2 comentários:
Boa análise Luís, concordo!
Abraço.
A análise está boa, pensada, estruturada, mas cada caso é um caso. Digo isto com base em quê? Di Maria. O pessoal vai falando «ah e tal, só se afirmou na terceira época». Só?? Não concordo, de todo. Ou melhor, só se afirmou na terceira época não por culpa dele, mas por culpa de quem o treinou e da estrutura onde se encaixou o jogador. No primeiro ano, 15 dias depois de começar o campeonato, o treinador que o foi buscar já andava a ver de emprego noutro lado. Viu-se grego, diria eu, Fernando Santos, nessa época, ele e o Benfica. Apanha com uma das épocas mais conturbadas de Vieira, com 3 treinadores, Camacho, Chalana. Mas Camacho apostava nele, e não fosse ele tão novo, aí sim, mesmo novo, e teria sido aposta com mais frequência, e não esquecer que se estreou na Champions, meio perdido, sem saber muito bem o que andava ali a fazer nesse ano, particularmente nesse jogo. O olhar apatetado nesse jogo é brutal. No segundo ano, onde se poderia afirmar, leva com um treinador que tem fetiches com certos jogadores, e que o coloca a jogar fora de posição... Bom, tentou mostrar qualquer coisa onde o iam pondo a jogar, mas há um ano já não era bem um flop, antes da pré-época, e Vieira dizia que tinha recusado uma proposta de 18M por ele. Verdade ou mentira não sei... Hoje em dia, há 3 meses, vá, era indiscutível com um treinador que sabe o que está ali a fazer, que sabe tirar rendimento dos jogadores, e que o mostrou ao longo do ano. Afirmou-se. Tal como aparentam, agora, afirmar-se Kardec e Airton, e o Éder Luis, o mais velho, falhou na adaptação, logo... Cada caso é um caso, digo eu, mas de resto, está bem estruturada a afirmação que é aqui feita, e com certeza há de ser válida para a maioria dos jogadores, presumo eu, mas, lá está, cada caso é mesmo um caso!
Abraço
Márcio Guerra, aliás, Bimbosfera
Bimbosfera.blogspot.com
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