Robert Enke Nummer 1

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Numa pequena homenagem ao Robert, este post será o único de hoje.


Antes de mais, é muito triste constatar que dois do três melhores guarda-redes que vi jogar pelo Benfica já não estão vivos. Resta apenas Preud'homme, e espero que por muitos e bons anos.

Enke chegou ao Benfica a poucos dias de fazer 22 anos, pela mão de Jupp Heynckes, e eu pensei imediatamente que o treinador alemão se estava a preparar para fazer o mesmo que o seu antecessor, Souness: encher o plantel de compatriotas de qualidade duvidosa. Como me enganei!

Enke vinha para ser o terceiro guarda-redes do plantel, tendo Bossio e Nuno Santos à sua frente. Face à fraca qualidade dos outros dois e a uma lesão de Bossio, Enke foi chamado à baliza, mostrou qualidade, ganhou o carinho dos adeptos, e não mais saiu de lá.

Em três anos de águia ao peito, tendo o Benfica equipas a roçar o ridículo, Enke sempre foi um dos poucos jogadores com qualidade e classe suficientes para representarem o clube, como aliás Mourinho reconhece no seu livro. Por isso, compreendo perfeitamente que quando a hipótese Barcelona surgiu, Enke quisesse tentar a sua sorte e saísse.
Infelizmente não foi uma escolha acertada, como o próprio reconheceu mais tarde. Enke ainda era muito novo e o Barcelona sempre foi uma máquina de trucidar guarda-redes. A partir daí a sua carreira foi sempre a descer, tendo sido emprestado ao Fenerbahce e Tenerife, e começaram as depressões.
Enke regressou à Alemanha em 2004, recuperou a alegria de jogar, tornou-se rapidamente num ídolo do Hannover e preparava-se agora para ser o dono da baliza da sua Mannschaft na África do Sul.

Quando no princípio desta época se falou que o Benfica procurava um guarda-redes, pensei automaticamente nele. Acabava o contrato em Junho de 2010, sempre disse que gostava muito de regressar à Luz e julgo que até tinha uma casa na zona de Sintra.
Infelizmente o meu desejo não se concretizou e agora Enke não vai regressar mais.

Nos seus tempos no Benfica, mais do que grandes defesas, recordo a sua imagem de marca: antes do início de cada jogo, brindava o público atrás da sua baliza com três palmas junto a cada poste. Nunca nos mandou calar, nunca se riu quando sofreu um golo. Dava tudo em campo.
No seu último jogo de águia ao peito, os NN
exibiram uma faixa com a frase: “Serás sempre o nosso número 1″.

Para mim também.

Quanto mais ouço e leio notícias sobre a forma como morreu, mais revoltado e triste me sinto. A ideia dele a caminhar sobre os carris, rumo ao fim, enche-me de lágrimas.

Muito obrigado por tudo, Robert.

3 comentários:

Anónimo disse...

queria so dizer que este foi o único post em toda a blogosfera que me pôs a chorar,

nao sei se pelas palvras finais, se pelo vídeo...

descansa em paz, robert!

Anónimo disse...

Também me vieram as lágrimas aos olhos.

Acredito que o Enke está num local melhor, ao lado da sua filha.


pedro

Anónimo disse...

Parabéns pelo texto, está escrito com muito sentimento e reflecte precisamente o que eu penso.

Também eu sonhava com o regresso dele para breve.

Paz à sua alma.

Carlos

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