sexta-feira, 28 de agosto de 2009
É em jogos como este que eu imagino como se devem sentir o Sr. Coluna, o Eusébio, o Simões, o José Augusto e outras grandes figuras do passado benfiquista, enquanto observam pela televisão um bando de indivíduos envergando o manto sagrado que, com o Benfica a perder, vão trocando a bola calmamente à espera do apito final.
E talvez não seja necessário recuar tanto no passado. Como se sentirão o Magnusson, o Valdo, o Shéu ou o Veloso a olharem para aquilo?
Claro que já sei que vamos levar com a conversa da "gestão de esforço". Lamento, mas isso comigo não cola. "Gestão de esforço" fazem as pessoas que moram na margem Sul e se levantam todos os dias às seis da manhã para apanharem o ferry para Lisboa, só regressando a casa lá para as nove da noite. Isso é que é "gestão de esforço" e o resto é conversa para enganar tolos.
Vamos pegar no exemplo da campanha europeia do Benfica de 89/90 para ver como os jogadores da altura faziam a "gestão de esforço":
1ª ronda - calhou-nos o modesto Derry City da Irlanda do Norte. Na primeira mão o Benfica foi lá ganhar por 2-1 e no jogo da Luz os jogadores decidiram fazer "gestão de esforço" e ganharam apenas por 4-0. Cambada de preguiçosos!
2ª ronda - calhou o Honvéd. O primeiro jogo foi na Hungria, onde o Benfica ganhou por 2-0. Depois veio a famosa "gestão de esforço" e o máximo que conseguimos fazer no jogo em casa foi ganhar por 7-0. Fraquinho...
Quartos-de-final - calhou o Dnepr (que grande equipa tinham nesse ano!). Desta vez o primeiro jogo foi na Luz e o Benfica conseguiu ganhar com grande dificuldade por 1-0. Na segunda mão, e depois de uma viagem longa e cansativa à antiga U.R.S.S., tal como hoje, os jogadores, muito cansados, decidiram controlar o desafio e fazer uso da tal "gestão de esforço". Ganharam por 3-0. Uma vergonha, não acham?
Por fim, vieram a célebre meia-final contra o Marselha e a inglória final contra o Milan.
Depois desta longa dissertação, que até serviu para me acalmar, não tenho paciência para fazer a habitual análise individual aos jogadores do Benfica. Até porque eles hoje não foram jogadores do Benfica.
Minto. Houve um que me fez lembrar os jogadores da década de 80 e princípios de 90. Esse mesmo, o David Luiz. Mesmo fora da sua posição natural, mesmo com aquelas correrias à maluca, perdidas de bola infantis e algumas falhas de posicionamento gritantes (a culpa é de quem o põe na esquerda) dá um gozo do caraças ver aquele miúdo jogar futebol.
Está lá tudo. Raça, luta, entrega, paixão, brio, valentia. Mística...
Aquele não engana. É como eu. Do Benfica!
3 comentários:
clap clap clap
excelente!
pedro
sou da tua opinião. é triste que a maior parte das pessoas assobiem pro lado e se contentem em ter passado a eliminatoria.
Concordo com tudo o que disseste. Foi uma vergonha. Espero que no final tenham reflectido sobre o jogo e se tenham sentido envergonhados. Quanto ao David Luís bato palmas. Foi incansável.
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