terça-feira, 1 de setembro de 2009
Ah, bons tempos... - deve ter pensado Eusébio da Silva Ferreira enquanto assistia ao jogo de ontem.
E foi de facto uma exibição como eu não via há muitos anos. Os únicos momentos em que os jogadores adversários puderam respirar um pouco foram talvez os primeiros quinze minutos da segunda parte, nos quais o Benfica, qual gladiador num circo romano à espera do polegar para cima ou para baixo do público, parecia estar a decidir se acabava o massacre ou se deixava a estropiada vítima sair dali com vida. Infelizmente para a filial de Setúbal o público mostrou o polegar para baixo...
Quim: não deve ter estado com atenção nas aulas de História e esqueceu-se que no circo romano, ao contrário dos circos dos nossos dias, não havia palhaços mas sim combates e muito sangue. Decidiu ter piada no local errado e sofreu mais um golo ridículo, a somar aos vários da sua longa carreira.
Ruben Amorim: fez a sua melhor exibição a lateral direito. Defendeu o pouco que havia para defender e apoiou muito bem as manobras ofensivas da equipa.
Shaffer: muito pouco trabalho lá atrás permitiu-lhe subir bastantes vezes no terreno. Infelizmente, desta vez os seus cruzamentos não causaram grande perigo.
Luisão: quer fosse por terra ou por ar, nada passou por ele. Jogo sem falhas e ainda marcou um golo.
David Luiz: tal como os seus parceiros da defesa, não teve muito trabalho e o pouco que teve para limpar, fê-lo bem. Destaco o corte/passe em profundidade espectacular que fez no meio-campo adversário que possibilitou mais um golo para o Benfica. Não me canso de afirmar que o David é o meu jogador preferido mas alguém tem que lhe meter na cabeça que uma coisa é um central subir com bola para causar desequilíbrios, outra bem diferente é subir com bola e querer fintar tudo e todos. Com equipas mais experientes pode correr mal.
Javi García: noite relativamente calma para o guarda-costas do meio-campo do Benfica. Ainda assim mostrou a habitual garra em todos os lances que disputou e, depois das ameaças contra os vitós, marcou finalmente um merecido golo de cabeça. Ainda assistiu (involuntariamente?) Cardozo para o sexto do Benfica.
Ramires: Corre, recupera a bola, passa, corre, desmarca-se, aparece perto da área para ser mais uma opção de finalização, corre para o meio-campo, recupera mais uma bola e começa tudo de novo. Quantas vezes fez Ramires isto ontem? Sinceramente não sei, perdi-lhe a conta. Quase fico eu próprio cansado com tanta correria do Ramires mas, ironicamente, não me canso de o ver jogar. Na minha opinião foi o melhor em campo.
Di Maria: o defesa direito do Setúbal deve ter passado a noite em claro, com medo que o Di Maria saísse do armário ou debaixo da cama, tal a avalanche de arrancadas e cruzamentos que o argentino fez nas suas barbas. Duas dessas deram golo.
Aimar: Não precisa de grandes fintas nem de correrias para liderar a equipa. Faz tudo de uma forma tão simples que até parece fácil. Mas não é. Duas assistências, um belíssimo golo e uma ovação de pé quando foi substituído. Em suma, uma noite perfeita. Era tão bom que Aimar tivesse 20 anos...
Saviola: se me dissessem que o Benfica tinha marcado oito golos mas que o Saviola tinha ficado em branco e nem sequer uma assistência lhe tinha saído dos pés eu não acreditava. Mas aconteceu. E o pequeno argentino fez por merecer o contrário, pelo muito que correu e tabelou com os colegas. Na segunda parte teve uma grande jogada individual que merecia golo mas o guarda-redes fez bem a mancha. Contudo, se tivesse passado a bola era golo certo e a jogada aparecia nos resumos televisivos. Assim só quem foi ao estádio é que viu.
Cardozo: regresso aos penáltis à Cardozo (com um estoiro), uma assistência para Ramires, um golo de cabeça e outro com o pé. Ninguém lhe pode pedir mais.
César Peixoto: entrou para defesa esquerdo mas não era seguramente um bom jogo para testar as suas capacidades defensivas. Desmarcou muito bem Fábio Coentrão no lance do oitavo golo.
Fábio Coentrão: com 5-0 no marcador era perfeitamente natural que os jogadores abrandassem um pouco o ritmo. Jorge Jesus percebeu isso e decidiu colocar Fábio Coentrão em campo. O jovem extremo respondeu como nos tem habituado, velocidade, raça e bom futebol que culminaram num grande cruzamento para a cabeça de Nuno Gomes. Três jogos, três assistências. Isto promete!
Nuno Gomes: cinco minutos depois de ter entrado já estava a marcar para fechar a goleada. Um golo típico do Nuno, vai correndo em direcção à baliza mas no último instante dá um passo atrás e cabeceia livre de marcação.
P.S. Gostava de relembrar a entrada brutal de que foi alvo o David Luiz. No estádio não deu para perceber bem, mas já vi imagens e é claro que só não partiram a perna do David por mera sorte. Será preciso que o futebol português tenha um caso como o do vídeo que coloquei dois posts abaixo para os árbitros acordarem para este tipo de lances?
1 comentários:
Boa alusão ao circo romano.
Todos sabíamos que a na 2ª parte a equipa iria abrandar, mas o JJ não embarca nisso e depois o público queria mais espectáculo, afinal não se paga bilhete para ver apenas 45 min :))
Forte Abraço
..
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