Num passado recente, recordo a aflição que era vencer sem problemas este tipo de jogos europeus em casa contra adversários claramente mais fracos, como o Nuremberga ou o Lille. E isso quando não eram cometidas verdadeiras atrocidades à história europeia do Benfica; Getafe e Metalist são os exemplos mais gritantes.
Felizmente, com Jesus tudo é diferente. O jogo decorreu sem sobressaltos e foi uma vitória clara e sem contestação, mesmo fazendo rotação de plantel e não imprimindo um ritmo demasiado alto. Afinal, diga Jesus o que disser sobre a Liga Europa, todos sabemos que o grande objectivo é o campeonato.
Júlio César: duas grandes defesas, uma em cada parte, e a mostrar sobriedade e autoridade em todo o jogo. Apesar de ser, na minha opinião, o melhor guarda-redes do plantel, Jesus está a mostrar o que Koeman deveria ter feito com Moretto.
Maxi: um excelente regresso à titularidade. Não deu grandes hipóteses a quem lhe apareceu pela frente e esteve nas jogadas dos dois golos. Primeiro, com um grande cruzamento de pé esquerdo (!!) para Cardozo e depois a recuperar uma bola no ataque e a cedê-la a Nuno Gomes. Acabou a médio direito.
César Peixoto: continua a ser o elo mais fraco. Enormes buracos na esquerda são já a sua imagem de marca. E buracos por buracos, prefiro os do Shaffer, que tem mais margem de progressão, mais garra e ataca melhor.
Luisão: mais uma exibição autoritária.
David Luiz: julgo que está a evoluir no plano mental, pelo menos não se viram tantas perdas de bola e más decisões. Na primeira parte, com o jogo meio adormecido, fez uma das suas investidas habituais e proporcionou uma bela defesa ao guarda-redes do BATE; na segunda parte repetiu a graça. Se Jesus conseguir aproveitar estas correrias do David Luiz sem prejudicar o posicionamento defensivo da equipa, como às vezes acontece, será óptimo para partir o meio-campo dos adversários.
Javi: seguro e eficaz.
Ramires: mesmo jogando a um ritmo um pouco mais baixo,não parou quieto um segundo. Começou como habitualmente na direita, depois passou para a esquerda e, por fim, Jesus alterou a táctica e colocou-o em linha com Javi. Aos 90 minutos ainda teve fôlego para pegar na bola no meio-campo e cavalgar até à entrada da grande área adversária, onde só o conseguiram parar recorrendo à falta. Cardozo, involuntariamente, como é óbvio, tirou-lhe um golo certo na segunda parte.
Felipe Menezes: não deve ser fácil entrar em campo com a missão de substituir Aimar. Felipe Menezes pareceu acusar isso nos minutos iniciais, mas depois soltou-se um pouco mais e fez uma exibição razoável, mostrando aqui e ali alguns bons pormenores técnicos.
Di Maria: chega a ser penoso de ver a quantidade de cacetadas que o argentino leva por jogo. Começou na esquerda, com algumas boas jogadas individuais, e acabou a fazer de 10, mantendo o mesmo nível.
Nuno Gomes: um golo à Nuno Gomes, escondendo-se do defesa no segundo poste e aparecendo-lhe depois à frente já com a mira na baliza, uma assistência espectacular para Cardozo, algumas faltas ganhas à entrada da área e muitas tabelinhas e desmarcações. Nem um péssimo domínio de bola, em frente à baliza, a passe de Di Maria lhe mancha a exibição.
Cardozo: bem diferente do Cardozo pesadão, lento, apático e alheado do jogo que se viu no Restelo. Ainda bem que a fase de qualificação da América do Sul está quase no fim. Mais um golinho para a sua conta.
Fábio Coentrão: foi a primeira vez em que não veio trazer nada ao jogo. Muito trapalhão e inconsequente. Mas para quem já fez tanto esta época, um jogo menos conseguido não é caso para preocupações.
Saviola: substituiu o capitão para uma merecida ovação.
Ruben Amorim: entrou para defesa direito, permitindo que Jesus testasse uma táctica diferente com Maxi no meio-campo. Fez duas recuperações de bola espectaculares. Com Maxi de volta, e Javi e Ramires a jogarem desta maneira, o Ruben não tem hipótese de ser titular. O que é uma pena...